domingo, 30 de agosto de 2009

Pacto

É doloroso cortar o dedo com uma faca, daquelas super amoladas. Mais doloroso ainda quando se é um chef. Parece que tudo aconteceu como fruto da incompetência.


O sangue espirra. Vem quente, caudaloso, correndo corte abaixo como um rio corre em seu leito. Um lapso humano ou mero capricho da natureza? Difícil dizer.


Ele estava ao meu lado. Acodiu rapidamente, com um pano limpo nas mãos. Mãos firmes, seguras. Percebi, então, que eu estava mais para uma ajudante atrapalhada de cozinha.


A profundidade do estrago era inegável. Não estancava nem por um quindim.


E então outro jorro. Novo corte, nova pulsação, outro coração. Um corte sobre o outro, sobrepondo defeitos com virtudes, enlaçando o que eram dois corações num só.















Pactos de amor são sagrados.

Um comentário:

Alexandre Cunha disse...

E haja sangue pra tanto amor!

(: