quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Sentenciado a não pensar

Conto de um fulano.


Antigamente, era considerado um ser pensante e chicaneiro. No momento, porém, trata-se apenas de mais um bolchevique distraído confabulando com neoliberais.
Fleumático, estafermo, por vezes até ignorado e humilhado. Mero animal banido, assimétrico, hesitante, estabanado e lamuriante. Intruso em seu próprio neologismo, como acontece a alguns juvenis misantropos.
É destratado por bigorrilhos empedernidos nas biroscas mundo afora. Na hora bate a cólera, mas, previsivelmente, a máscara de furibundo cai no instante seguinte, pois já é tempo de retornar à confraria dos guitarristas grogues.
Esta criatura não é um biscateiro denodado ou um burguês soberbo, muito menos um zé-ninguém saliente. É sim um batuta na arte da sobrevivência!
Afinal, se não pode com o inimigo, fuja dele.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Codinome: Política Anencéfala

Aonde os partidários recifenses andam com as cabeças? Provavelmente penduradas em seus últimos filetes de epiderme, após terem sido inescrupulosamente atacadas pela Faca Cega.
O que diria um algoz medieval diante disto? Possivelmente ele sugeriria que a tal "arma" fosse amolada para que o servicinho pudesse ser concluído. Mas quem estaria apto a representar a nossa estimada nação de verdugos, exercendo função de tamanha responsabilidade?
Será Pink, a super regionalista (o amor pelo Recife não sai do seu discurso: "Ô Recife, eu te amo")? Ou será a insípida Marrom de Afogados? Tandandandam...cenas para os próximos capítulos!

Epa! Nada de esperar! Admitamos, e pra já, que apelidados, repentistas e ex-bigbrothers não são mefistofélicos o bastante para cumprir a missão. Mesmo tendo eles apresentado suas mais brilhantes performances na "telinha".
Fato é que uma chamada engraçadinha não deveria ser suficiente para firmar alguém como um mega candidato. É uma pena que o HGETV se torne mais insidioso a cada dia...

Mas é com grande satisfação que anuncio o retorno da "jogatina familiar"! Acontece que, diante da estupenda demonstração de inutilidade por parte dos partidários políticos - e por que não dizer, da política - , a família pernambucana aderiu de vez ao carteado e ao dominó. As atividades dos cassinos são iniciadas, impreterivelmente, às 20h30min e contam com presenças ilustres como o vô Jõao, a tia Kátia e os irmãos Raulzinho e Mendoncinha.
Os vencedores das rodadas, no entanto, saem inglórios das supostas vitórias, pois vivem "passando gato por lebre". Dignos de apupo, não? Bando de gatunos intrujões!

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Gente

Indiferença: estado de quem não sente inclinação nem repugnância em relação a alguma coisa; insensibilidade; frieza; inconsciência mórbida; apatia.
De um lado, quase quatrocentas pessoas, só este ano, enterradas como indigentes no Recife. Do outro, alguns milhares de indiferentes assistindo novela das oito. O que eles têm em comum? Atualmente, nada. Um dia pôde-se até dizer que residiam na mesma cidade e que, de algum modo, deveriam compartilhar o nome da espécie. O fato é, contudo, que desde o nascimento já não pertenciam à mesma categoria científica. Os primeiros eram pobres, favelados, miseráveis e, em grande parte, negros. Os últimos têm uma casa bacana, carro na garagem, dispensa abastecida. Os invisíveis em vida não o deixam de ser na morte.
O descaso aparece como uma chaga inevitável, que vai tomando conta de tudo o que encontra pela frente. Trata-se da grande moléstia dos tempos que seguem.
Em 2006, o Recife teve mais homicídios do que Espanha, Bélgica e Suíça juntas. E para a maior parte dos pernambucanos, dados como estes não são dignos de espanto ou inquietação. Afinal, os que estão morrendo são apenas os “matáveis”. Enquanto as mortes se concentrarem na parcela menos favorecida da população, não há com o que se preocupar, é o que pensam. Algumas pessoas poderiam até considerar um ponto positivo estarmos sendo igualados em condição com a Europa. O desprezo pelas “vidas invisíveis” é tamanho, que os mais afortunados sequer percebem que a comparação trata-se de algo inacreditável e inaceitável. Simplesmente fecham seus olhos para o que não é agradável. E acabam todos cegos.
É justamente nesta lacuna da percepção pública que o profissional de comunicação deve colocar-se. Liberdade de expressão jornalística é utopia. Questionamento jornalístico, no entanto, não é. O jornalista detém grande parte do poder da informação em suas mãos. Isso faz dele uma espécie de alter-ego do cidadão comum. Ou pelo menos deveria fazer. Ainda mais diante de um tema recorrente como é a violência exacerbada.
É justo esperar e cobrar do jornalista uma atitude conscientizadora, e não segregadora. Ele não está lá para enfatizar as diferenças entre classes e etnias, que, por sinal, já são mais que aparentes. Seu papel não é esse. Aliás, o de ninguém é.
A regra da vida, e por que não dizer, da convivência, é uma só para todos. Atenuar as disparidades e estreitar as relações através da mais intrínseca semelhança que nos une a todos: somos gente.

domingo, 7 de setembro de 2008

Queridos, cheguei!

Como trata-se da primeira postagem, a de estréia, gostaria apenas de contar um fato curioso que aconteceu nesta última semana.
Eu havia acabado de tomar um ônibus, quando notei que a senhora à minha frente era adepta do protestantismo. Nada de extraordinário até aí.
De repente, alguém entra no coletivo (entendam alguém como um ser sem maiores identificações ...realmente não sei dizer a que gênero sexual a criatura pentencia...enfim...). E esse alguém acha de sentar-se justamente ao lado da senhora evangélica. Creio ser possível imaginar a cara de horror da pobre senhorinha...
A outra (ou seria outro?), estava lindamente vestida dentro de uma mini saia (ou seria um cinto?) e de um espartilho. **Causando no busão**
O desconforto da senhorinha era indiscutível. Ela remexia-se toda, procurando manter distância daquele ser pecaminoso. Afinal, ela corria o risco de macular-se com os maus fluidos exalados por aquela criatura.
Quando o pobre ser desceu, parecia que haviam retirado uns mil quilos das costas da religiosa (será que é mesmo??). E sem pudores, a senhora não disfarçou seu alívio.

Mas quem pode dizer a que possui maior valor? Quem está apto a tal?

Moral da história: julgar é pecado até para os fanáticos religiosos. E julgar mal, então...